POLÍCIA

PESQUISA IDENTIFICA CÉLULA NEONAZISTA EM NITERÓI

A atuação de uma célula do grupo supremacista racial Ku Klux Klan em Niterói, com até 14 membros, foi identificada numa pesquisa desenvolvida pela doutora em Antropologia Social da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Adriana Dias, que investigou 334 grupos de inspiração nazista em atividade no país. Os detalhes e os números completos da investigação, que serão publicados em livro ainda sem data para ser lançado, mostram que o grupo se formou há cerca de seis anos, está fortalecido e usa fóruns na internet e na deep web para cooptar membros.

A fundação da organização em Niterói, segundo a pesquisa, ocorreu no mesmo período em que cinco homens agrediram um nordestino com um taco de beisebol na Praça Arariboia, em 2013. Eles tinham tatuagens com símbolos nazistas.

— Nessa época, (eles) ainda não tinham organizado de fato a célula Klan. Em Niterói havia apenas duas ou três pessoas da célula hitlerista que se mobilizaram no período anterior à Copa do Mundo e a Olimpíada, porque pretendiam se fortalecer diante do que consideravam uma ameaça, que era a presença de nordestinos, negros e imigrantes de outros países vindos. Eles se incomodaram muito também com a Paraolímpiada, por conta dos deficientes físicos, que eles consideram lixo humano — conta Adriana Dias.

A antropóloga, que há 16 anos estuda o discurso neonazista e a supremacista branca nas redes, monitora os grupos por meio de técnicas de programação para identificar quem baixa grande quantidade de material na internet, participa de fóruns e redes sociais voltados ao tema ou os líderes que propagam o conteúdo na deep web. Sua investigação identificou até 17 movimentos no país, entre hitleristas, supremacistas/separatistas e de negação do holocausto e apenas três seções da Ku Klux Klan — a mais radical — uma em Niterói e duas em Blumenau (SC).

Pena em liberdade

Do grupo preso em 2013 na Praça Araiboia — formado por Thiago Borges Pita, de 28 anos na época; Carlos Luiz Bastos Neto, 33; Caio Souza Prado, 23; Davi Ribeiro Morais, 39; e Philipe Ferreira Ferro Lima, 21 — ninguém, segundo a Justiça, mora mais em Niterói. Eles responderam por crimes de intolerância de cor, raça, etnia, religião e origem; e fabricação, comercialização ou veiculação de símbolos, ornamentos, distintivos ou propaganda que usam a cruz suástica ou a gamada para divulgação do nazismo; além de lesão corporal, formação de quadrilha e corrupção de menores. Eles foram condenados a três anos e dez dias, em agosto, mas cumprem pena em liberdade após pagamento de multa.

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