CRIVELLA NÃO GASTA NADA COM REFORMAS DAS ESCOLAS EM 2019
Enquanto a Prefeitura do Rio não gastou nenhum centavo em reformas de colégios em cinco meses do ano, crianças de 4 a 10 anos precisam se revezar para usar as salas que estão seguras da Escola municipal Sócrates Galvêas, em Santa Cruz. O prédio principal da unidade, que já sofria com problemas estruturais, acabou condenado pela Defesa Civil após a tempestade de abril, que ficou marcada como a maior da cidade nos últimos 22 anos. Por isso, os alunos estão improvisados em um imóvel anexo que não comporta todas as turmas. A solução foi cortar o tempo de aulas.
As escolas da rede que funcionam em dois turnos tem, cada uma, quatro horas e meia de aula. No entanto, como não há salas seguras o suficiente para todos os alunos da Sócrates Galvêas, 18 turmas estão estudando apenas três horas e vinte minutos por dia, já que a unidade foi dividida em três turnos. Essa é uma redução de 25% do tempo de estudo. Caso a situação persista até o fim do ano, serão perdidas mais de 150 horas de aprendizado.
O EXTRA teve acesso ao laudo da Defesa Civil emitido no dia 15 de abril de 2019. Ele indica que o prédio da escola tem “risco potencial de desabamento”, “estouro de vidraça” e “mau estado de conservação”.
O Prefeito Marcelo Crivella sabe que a unidade está precisando de reforma, porque esteve lá em maio do ano passado prometendo reformas. Na época, ele divulgava um empréstimo de R$ 200 milhões da Caixa Econômica Federal para obra em unidades da rede municipal de ensino. No entanto, dois anos depois, só foi gasto 15% desse valor — todo no ano passado.
— Vamos fazer reforma completa aqui. Só o tempo de fazer a licitação para fazer a pintura total, troca de portas, melhorar os banheiros todo, troca de utensílio de cozinhas e quem sabe fazer uma quadra coberta num terreno aqui do lado — prometeu o prefeito em maio de 2018.
Agora, a situação da escola piorou em relação ao momento da visita do prefeito. Uma rachadura na estrutura do prédio principal do colégio foi a causa da interdição pela Defesa Civil. Tapumes foram colocados, e os alunos acabaram realocados para este prédio anexo, que fica no mesmo terreno do imóvel condenado. Esse prédio anexo tem quatro salas e outras três foram improvisadas com compensado. Uma delas pegou parte do refeitório e outra fica com o chão todo molhado mesmo com pouca chuva. Além disso, quatro turmas foram transferidas para outra escola na mesma rua.
— A matéria dada está sendo corrida. Fora isso, as condições das salas que fizeram são péssimas, sem ventilação, nada. E a água está entanto. Choveu um pouquinho na semana passada e a água já começou a entrar por baixo da parede — contou Simone de Oliveira, de 50 anos, mãe de uma aluna do 4º ano.
Em fevereiro, a Secretaria municipal de Educação culpou o ex-secretário César Benjamin por não utilizar o dinheiro e que o empréstimo foi renovado para este ano. Consultada novamente, a pasta segue culpando o antigo gestor para falta de investimentos ainda este ano. Ele foi substituído em junho de 2018 pela atual secretária, Talma Romero Suane.
De acordo com a SME, já estão liberados R$ 12,5 milhões para ser usado ainda no primeiro semestre desse ano. De acordo com a pasta, o plano de ação de obras para a rede municipal neste ano prevê R$ 63 milhões para atender 256 unidades, além de R$ 22 milhões para climatização. Também reserva R$ 9 milhões para retomar construções de obras paralisadas da gestão passada, de Eduardo Paes. Com o dinheiro liberado de 2018, 80 unidades já foram contempladas com reformas.
Sobre a Sócrates Galvêas, a secretaria afirma que a obra está orçada aguardando os trâmites licitatórios para início dos trabalhos. “Os estudantes também estão recebendo material de reforço escolar. A Defesa Civil não apontou nenhuma fragilidade no prédio anexo”, informou a pasta.