PROJETO DA PREFEITURA REALIZA MONITORAMENTO DA FAUNA DE MARICÁ
Com o objetivo de conhecer para preservar, a Prefeitura de Maricá, através da Secretaria de Cidade Sustentável, desenvolveu o projeto Mofama (Monitoramento da Fauna de Maricá). A iniciativa, que adota o protocolo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (IcmBio), serve como modelo para execução de programas de pesquisa na áreas naturais protegidas da cidade.
O levantamento vai alimentar um banco de dados que será disponibilizado para pesquisas e ações de conservação a serem implantadas nas Unidades de Conservação do município. Além disso, o projeto tem por finalidade avaliar a efetividade das Áreas Naturais Protegidas para a conservação da biodiversidade por meio de apanhamento e análise contínua das tendências populacionais de diferentes espécies.
“Esse projeto vai nos permitir conhecer a dinâmica de cada fragmento florestal porque as espécies que temos na região do Espraiado não são, por exemplo, as mesmas em Manoel Ribeiro”, explicou o secretário Guilherme Di Cesar Mota. “Vamos começar a conhecer o nicho de cada animal, onde estão essas espécies, suas fontes de alimentos e todas essas informações serão importantes na realização de futuras pesquisas, ações de reflorestamento, reintrodução de espécies, enfim, teremos um amplo leque de possibilidades com este monitoramento e, o nosso grande desafio, é levantar informações que condizem com a nossa realidade”, avaliou.
Ainda segundo o secretário, vídeos institucionais ajudarão a educar a população no que diz respeito a preservação das espécies nativas.
“Um dos nossos intuitos, a partir das imagens captadas, é a realização de vídeos para que possamos divulgar nossas descobertas junto as comunidades que estão próximas as áreas de conservação e refúgios de vidas silvestre. Além disso, queremos apresentar nas associações de moradores vídeos educacionais para que esses moradores possam nos acionar diante da necessidade de resgate de animais”, anunciou o secretário.
Dinâmica, metodologia e armazenamento de dados do projeto
O Mofama é composto por dois métodos: um por armadilhamento fotográfico que segue o modelo de sistemas de informação e o outro através do monitoramento por observação de vestígios que serão aplicados em períodos distintos e que segue o padrão de transectos lineares (caminho ao longo do qual se conta e registra ocorrências das espécies de estudo) e de parcelas.
“Nós só preservamos o que conhecemos e vamos mostrar para população a importância e a efetividade da existência de uma unidade de conservação. Com o armadilhamento fotográfico é possível monitorar animais de pequeno, médio e grande porte, pois nossa câmera é extremamente sensível e capaz inclusive de captar imagens de morcegos, cobras entre outros animais mais difíceis de acompanhamento”, garante Márcia Freitas, gestora das unidades de conservação.
Para Márcia o monitoramento da fauna é uma ferramenta indispensável na proteção das áreas naturais de Maricá.
“Já temos vários registros e alguns vídeos divulgados onde aparecem matilhas de cachorros do mato, famílias de quatis, aves como pica-pau, entre muitas outras espécies e isso é fundamental para entendermos o ecossistema que estamos trabalhando. São inúmeros os dados que conseguimos a partir destas imagens e que nos permite ver a qualidade de vida dos animais, como eles se comportam, se estão bem alimentados e conseguimos também identificar como a interferência humana vem afetando esses ecossistemas e quais estratégias de proteção precisam ser pensadas para essas áreas”, destacou Márcia.
Responsável pela instalação do equipamento o condutor ambiental, André Santos, contou como faz para identificar o lugar ideal para o monitoramento.
“Procuramos sempre o local menos antropizado (sem grande influência humana) para a instalação da câmera, pois quanto menos contato a área escolhida tiver com humanos, maior é a chance de registrarmos a movimentação dos animais. Além disso, fazemos uso de um GPS que nos ajuda a definir os locais de acordo com o grau de conservação do ecossistema. Qualquer alteração no ambiente, até mesmo o cheiro, pode assustar os animais e comprometer o monitoramento”, explicou André que é nascido e criado na região do Espraiado.
De acordo com a equipe de monitoramento, que inicialmente conta com quatro pessoas, o tempo de monitoramento recomendável é de no máximo um mês, pois um período superior pode gerar perturbação no ambiente.
Mayara Costa, engenheira ambiental e responsável pelo gerenciamento de dados, classificou o Mofama como um projeto longo, contínuo e permanente.
“Depois da captura das imagens avaliamos o material, preenchemos uma planilha com data, horário, nome popular do animal, nome científico, espécie, número de indivíduos encontrados, dentre vários outros indicadores. E, a partir de todos os dados coletados, só vamos começar a avaliá-los, a tirar conclusões, após um determinado período”, contou Mayara.
“Depois de armazenados esses dados ficaram a disposição da Prefeitura para a realização de ações específicas, mas também podem ser disponibilizados para pesquisadores externos que queiram futuramente desenvolver alguma pesquisa em nossa unidade. Nosso trabalho aqui é catalogar e classificar os hábitos dessas espécies e, quanto mais detalhadas forem as nossas informações mais precisas serão as nossas conclusões”, disse Mayara, destacando ainda que com essas informações será possível, por exemplo, identificar espécies exóticas, espécies ameaçadas de extinção ou vulneráveis, além da frequência com que elas são encontradas em Maricá.
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