ENTRETENIMENTO

MARICÁ É CITADA COMO CIDADE EXEMPLO DURANTE PANDEMIA

Durante o Fórum Internacional de Gestão Acreditada de Cuidados em Saúde em webinar realizada dia 01/07, os médicos e pesquisadores Carlos Hiran Goes de Souza e José Gomes Temporão conversaram sobre a pandemia do coronavírus buscando entender o que é novidade e o que foi exposto de problemas latentes ou adormecidos no âmbito da Saúde mundial. Nesse contexto, Maricá foi um ponto destacado na conversa.

Carlos Hiran falou sobre alguns municípios brasileiros que se destacaram em suas ações sanitárias de forma autônoma, assim como a Índia e o Reino Unido. Em especial, Maricá.

“Eu achei muito interessante aquela coisa da satélites, ou seja,  criaram três grandes polos de atendimento, parecido com o modelo português, sendo que em locais estratégicos da cidade com uma estrutura organizada”, avaliou Carlos Hiran, que reside no Reino Unido, é especialista em acreditação em vários países, além de ex- professor da UFRJ e da Estácio, e tem família na cidade.

“Este seu exemplo de Maricá é interessante porque uma das dificuldades das cidades brasileiras é essa profunda desigualdade social, bastante distinta da situação da Europa. Nós temos 40 milhões de pessoas no Brasil que trabalham por conta própria, sem nenhum tipo de proteção social. São 12 milhões de desempregados e 18 milhões de pessoas que vivem em condições absolutamente inadequadas de moradia, saneamento e infraestrutura. Essas populações são mais vulneráveis pelos fatores de risco”, declarou o ex-ministro da Saúde, sanitarista, doutor em medicina social e pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, José Gomes Temporão.

Segundo ele, 40% da população adulta brasileira tem pelo menos um fator de risco para a covid-19. “Ou ele é hipertenso, diabético, fuma ou tem doença vascular crônica, renal, metabólica ou câncer. São as pessoas que tem mais dificuldade de fazer tratamento. Quando você prescreve o distanciamento social é muito mais difícil para uma família que mora numa comunidade pobre, numa casa onde tem um cômodo e convivem oito pessoas do que para uma família de classe média que mora num apartamento com três quartos e que podem manter o padrão de distanciamento”, explicou o sanitarista.

“Aí entra essa outra dimensão que Maricá fez muito bem, porque o município já há alguns anos tem uma política de apoio social. Eles criaram, por exemplo, a moeda própria, a mumbuca. Tem transporte público gratuito, investiram pesado em Saúde, Educação, Assistência Social, na criação de uma renda mínima universal onde cada família recebe da prefeitura um valor. Enfim, esse conjunto de iniciativas somada a essa estratégia da área de Saúde mostram que o resultado é altamente favorável. Porque aí sim, a população pode cumprir as medidas de distanciamento num período muito mais prolongado do que em outros contextos onde a população tem que trabalhar hoje para ganhar o pão de amanhã”, concluiu Temporão.

“O lado positivo disso é que Maricá consegue colocar o hospital em funcionamento graças a esse esforço. É uma coisa exemplar”, frisa Hiran, que já esteve várias vezes em Maricá participando de palestras, em alusão ao hospital municipal Dr. Ernesto Che Guevara.

Nos próximos dias, a exposição positiva continua com a secretária de Saúde de Maricá, Simone Costa sendo a convidada de Hiran Góes para um bate-papo sobre o trabalho que é desenvolvido na cidade. O encontro acontece no dia 30/07, às 18h, horário de Brasília, e poderá ser acessado pelo público em geral através do Youtube.

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