POLÍCIA

Celsinho da Vila Vintém é preso em nova operação contra aliança entre tráfico e milícia no Rio

Celso Luiz Rodrigues, conhecido como Celsinho da Vila Vintém, um dos traficantes mais antigos em atividade no estado do Rio de Janeiro, foi preso na manhã desta quinta-feira (8) durante uma operação da Polícia Civil na comunidade da Vila Vintém, em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio. Ele é fundador da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) e havia retornado às articulações criminosas após ser libertado da prisão em 2022.

A prisão de Celsinho ocorre no contexto da Operação Contenção, uma ofensiva permanente voltada a conter o avanço do Comando Vermelho (CV) e desmantelar alianças entre facções e milicianos na Zona Oeste. Segundo a Polícia Civil, a investigação revelou que Celsinho formou uma aliança com líderes do CV e com André Costa Bastos, o Boto, chefe miliciano, para tomar territórios dominados anteriormente por milícias.

Aliança inédita entre ADA, CV e milícia

A apuração teve início no dia 26 de fevereiro, após a prisão de oito traficantes fortemente armados na Vila Sapê, em Curicica. Os detidos confessaram ter sido enviados por Celsinho para ocupar a comunidade, que até então era controlada por Boto, mesmo preso em presídio federal. A “venda” do território foi negociada, e a entrada dos criminosos da ADA ocorreu sem resistência, acendendo o alerta da inteligência policial.

Além do acordo com a milícia, a investigação identificou um pacto operacional entre a ADA e o Comando Vermelho, facções historicamente rivais. O objetivo era consolidar o domínio territorial com ações conjuntas e sem confrontos. Uma das ações investigadas foi o assassinato do miliciano dissidente Fábio Taca Bala, executado por ordem do alto comando do CV, a pedido da ADA, por se opor à aliança.

Com base em depoimentos, interceptações e movimentações prisionais, o inquérito concluiu que Celsinho, Boto e Edgar Alves de Andrade (o Doca/Urso), líder do CV, integravam uma associação criminosa estruturada, responsável por tráfico de drogas, homicídios, extorsões e uso de armamento pesado na Zona Oeste.

Histórico criminal

Celsinho tem uma longa ficha criminal. Foi preso pela primeira vez em 1990 e, após diversas passagens pelo sistema prisional, ganhou notoriedade pela fuga em 1998, quando escapou vestido de policial militar de um hospital penitenciário. Em 2002, foi recapturado e, em entrevista na época, afirmou: “Eu sou traficante. Vivo do tráfico. Mas sou um cara devagar, não dou tiro na polícia”.

Nos anos seguintes, cumpriu pena em unidades federais e retornou ao Rio em 2017. Chegou a ser acusado de participação na invasão da Rocinha naquele mesmo ano, mas o Ministério Público do RJ apontou inconsistências no processo, e ele foi libertado em 2022 por decisão da Justiça.

A prisão desta quinta-feira representa um golpe importante contra a aliança entre facções e milicianos e reforça a prioridade da Polícia Civil em desarticular esquemas criminosos que envolvem tráfico, milícia e domínio territorial na capital fluminense.

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